sábado, 15 de novembro de 2008

Antifúngicos para onicomicoses

Os antifúngicos apresentam-se sob diversas formas de preparação:- pomadas: preferidas para aplicação em superfícies secas, devido às suas propriedades oclusivas;- cremes: cosmeticamente mais agradáveis, preferidos para aplicação em áreas húmidas;- soluções: mais frequentemente utilizadas em lesões extensas e sediadas em áreas pilosas;- tinturas e soluções ungueais: para tratamento de onicomicoses iniciais e bem delimitadas;- pós: com escasso interesse terapêutico, havendo porém quem sustente a sua utilidade, que se deverá exclusivamente a possuírem algum efeito na prevenção de reinfecções;- preparações orais (V. Subgrupo 1.2.): devem reservar-se para o tratamento das onicomicoses instaladas, das tinhas do couro cabeludo, das dermatomicoses extensas e resistentes à terapêutica tópica, nos doentes imunodeprimidos, ou perante situações de intolerância comprovada às preparações tópicas. Quando se opte pelo cetoconazol deve tomar-se em consideração o risco elevado de ocorrência de hepatotoxicidade.Sempre que se encare o recurso à terapêutica sistémica ou quando haja necessidade de confirmação diagnóstica, e antes ainda de se iniciar qualquer medicação, deve proceder-se sistematicamente à colheita de escamas da pele lesada para a realização de exame directo e cultural.Dermatofitoses - A maioria das dermatofitoses, nomeadamente as tinhas com sede no corpo, pés ("pé de atleta") e virilhas é tratada com preparações tópicas.As preparações de antifúngicos tópicos derivados do imidazol (clotrimazol, econazol, cetoconazol, miconazol e sulconazol) revelam-se todas igualmente efectivas. O creme de terbinafina é também eficaz. Para o tratamento do "pé de atleta" existem também no mercado preparações contendo tolnaftato.Ainda que por princípio as onicomicoses devam ser tratadas por via sistémica, nos casos em que a sua instalação seja recente e com envolvimento moderado de poucas unhas, as aplicações tópicas de amorolfina ou ciclopirox olamina podem revelar-se efectivas.Na tinha do couro cabeludo, onde a terapêutica sistémica é a recomendada, a aplicação adicional de um antifúngico tópico pode reduzir os riscos de transmissão.Pitiríase versicolor - Revela-se adequada a aplicação tópica de um derivado imidazólico, preferencialmente em loção ou champô, uma vez que a opção por um creme implica a utilização de maiores quantidades do fármaco. Há também quem opte pela aplicação tópica de champô de sulfureto de selénio ou pelo piritiona zinco.Quando a terapêutica tópica não se revele eficaz ou quando a infecção seja disseminada o recurso ao tratamento sistémico com cetoconazol ou itraconazol constitui a opção adequada.Importa porém que se recorde que a pele lesada só readquirirá a sua coloração normal após nova exposição solar, não significando por isso a persistência de áreas despigmentadas no período imediato após o tratamento sinal de insucesso terapêutico.Candidíases - A nistatina em aplicação tópica é eficaz (ainda que desprovida de efeito terapêutico nas outras dermatomicoses), mas de momento só estão disponíveis no mercado português preparações que a associam a outros princípios activos (antibacterianos ou corticosteróides).A aplicação tópica dos derivados do imidazol revela-se eficaz.A terbinafina não constitui um fármaco de escolha na terapêutica da candidíase.Quando tenha que se optar pela terapêutica sistémica, o fluconazol e o itraconazol constituem escolha preferencial.A nistatina por via oral, porque não é absorvida, é desprovida de qualquer efeito sobre as lesões cutâneas, sendo o seu uso reservado para a eliminação de fonte de infecção por candida com sede digestiva.Pitiríase capitis (caspa) - o seu aparecimento é atribuído a uma forma suave de dermatite seborreica do couro cabeludo atribuível à presença do Pytosporum ovale. A terapêutica de eleição consiste na utilização de um champô detergente suave, 1 a 2 vezes/semana. Deste modo consegue-se promover uma eficaz remoção das partículas descamativas sendo certo porém que o processo descamativo em si mesmo não é debelado. Assim mesmo, reafirma-se, esta constitui a terapêutica de eleição na grande maioria das situações.Por vezes recorre-se a outras terapêuticas, nomeadamente com champôs de cetoconazol (a terapêutica mais eficaz), de sulfureto de selénio ou a loções de corticóides de baixa potência.Preparações tópicas compostasAs formulações que incluem antifúngicos associados a antibióticos só justificam a sua utilização quando se confirme a associação de uma infecção microbiana.As formulações que associam um imidazol com um corticosteróide suave (hidrocortisona a 1%, por exemplo) podem revelar-se vantajosas no tratamento do intertrigo eczematoso nos primeiros dias, e só nos primeiros dias do tratamento de uma lesão fúngica severamente inflamada. Esta mesma associação, ou a de nistatina, uma vez mais com um corticosteróide suave, revelam-se úteis no tratamento do intertrigo associado a infecção por candida.
Prontuário do Infarmed

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